Cientista Político Murilo Carvalho analisa nova composição do Congresso Nacional
Neste sábado
(1º de fevereiro de 2025), o Congresso Nacional elegeu os membros das Mesas
Diretoras do Senado Federal e da Câmara dos Deputados para o biênio 2025-2027.
O resultado reflete um equilíbrio entre diferentes forças políticas, com apoio
tanto de parlamentares governistas quanto da oposição.
No Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP)
foi eleito presidente com ampla maioria, retornando ao cargo que ocupou entre
2019 e 2021. Sua eleição indica um movimento de fortalecimento da articulação
política no Senado, com expectativa de maior protagonismo da Casa nas
discussões nacionais.
A nova
composição da Mesa Diretora do Senado inclui senadores de diferentes partidos e
regiões do país:
- 1º Vice-Presidente: Eduardo Gomes (PL-TO)
- 2º Vice-Presidente: Humberto Costa (PT-PE)
- 1ª Secretária: Daniella Ribeiro (PSD-PB)
- 2º Secretário: Confúcio Moura (MDB-RO)
- 3ª Secretária: Ana Paula Lobato (PDT-MA)
- 4º Secretário: Laércio Oliveira (PP-SE)
Além dos
titulares, também foram eleitos quatro suplentes, garantindo representatividade
a diferentes blocos políticos. A composição da Mesa sinaliza um Senado que pode
atuar de forma independente, mas negociando amplamente com o Executivo e outras
forças políticas.
Já na
Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) assumiu a presidência,
consolidando o protagonismo do Centrão e dando continuidade à estratégia de
articulação política construída nos últimos anos. Motta recebeu votos tanto da
direita quanto da esquerda, o que demonstra sua capacidade de diálogo e
negociação.
A nova
Mesa Diretora da Câmara conta com representantes de diferentes partidos:
- 1º Vice-Presidente: Altineu Côrtes (PL-RJ)
- 2º Vice-Presidente: Elmar Nascimento (União-BA)
- 1º Secretário: Carlos Veras (PT-PE)
- 2º Secretário: Lula da Fonte (PP-PE)
- 3º Secretário: Delegada Katarina (PSD-SE)
- 4º Secretário: Sergio Souza (MDB-PR)
A
presença de líderes de diversos espectros políticos sugere que o comando da
Câmara buscará conciliar interesses divergentes para manter a governabilidade.
Perspectivas para o Biênio 2025-2027 e Principais
Desafios
Com
lideranças que receberam votos de diferentes campos políticos, o novo Congresso
deve atuar com maior pragmatismo. A tendência é que as pautas prioritárias
avancem por meio de negociações entre governo e oposição, sem grandes rupturas.
Alguns
dos principais temas que podem dominar a agenda legislativa são:
- Reforma tributária – O Congresso deve discutir
ajustes na reforma já aprovada, além da regulamentação de novos tributos.
- Regulamentação das emendas
parlamentares – O
modelo de distribuição de recursos para estados e municípios seguirá como
tema de debate.
- Reformas institucionais – Propostas sobre anistia a
parlamentares e ampliação da imunidade política podem gerar polêmicas.
- Pauta econômica – Discussões sobre
equilíbrio fiscal, novas regras para gastos públicos e incentivos ao setor
produtivo estarão no centro das negociações.
A configuração das Mesas Diretoras do Congresso ocorre
em um momento estratégico, já que 2025 é o último ano antes das eleições gerais
de 2026. A composição das lideranças no Senado e na Câmara reflete um cenário
de articulação entre diferentes forças políticas, o que pode influenciar a
dinâmica eleitoral.
Com um Legislativo que equilibra representantes da
direita e da esquerda, é provável que pautas de grande impacto sejam debatidas
sob forte disputa ideológica. Além disso, as decisões tomadas neste biênio
podem servir como termômetro para alianças políticas e estratégias eleitorais,
com parlamentares já mirando suas posições para a disputa presidencial e para
os governos estaduais.
A capacidade dos novos presidentes da Câmara e do
Senado de conduzir essa diversidade de interesses será fundamental para a
estabilidade política e econômica do país nos próximos anos.