Coriorretinopatia serosa central pode distorcer a visão, sobretudo em homens de 20 a 50 anos
O estresse crônico não afeta apenas a mente. Ele também se associa a alterações nos olhos. Uma das mais conhecidas é a coriorretinopatia serosa central (CRSC). Nessa condição, ocorre acúmulo de líquido sob a retina, conhecido como descolamento seroso, o que causa borramento e distorção da imagem.
“Em pessoas suscetíveis, o estresse e as variações hormonais podem precipitar episódios de CRSC”, explica a oftalmologista Dra. Priscila Heleno, do CBV – Hospital de Olhos. “A doença é mais observada em homens de 20 a 50 anos, mas também pode ocorrer em mulheres, inclusive durante a gestação.” Corticosteroides em comprimidos, injeções, sprays nasais, inalatórios e pomadas têm relação importante com a CRSC. Por isso, não devem ser usados sem orientação médica.
De acordo com a Dra. Priscila Heleno, os sintomas mais comuns incluem borramento visual, sensação de mancha ou sombra no centro do campo visual, linhas retas que parecem onduladas e dificuldade na leitura. Em muitos casos apenas um olho é acometido.
Ainda segundo a médica, a condição pode ser confundida com a “vista cansada” própria da idade, que não tem relação com acúmulo de líquido. Diante de suspeita, recomenda-se avaliação com exame de fundo de olho e tomografia de coerência óptica (OCT).
“Em boa parte dos casos, especialmente no primeiro episódio, o quadro pode regredir espontaneamente ao longo de algumas semanas. Mesmo assim, o acompanhamento é essencial, pois a doença pode recidivar e, se se tornar crônica, deixar sequelas na visão. Entre os fatores associados, além do estresse e do uso de corticoides, estão a apneia obstrutiva do sono, a hipertensão arterial e o uso de certos medicamentos, como alguns descongestionantes e inibidores da PDE-5”, afirma a oftalmologista.
Priscila esclarece que a prevenção envolve medidas simples e consistentes: manejo do estresse, sono regular, prática de atividade física e revisão dos medicamentos com o médico assistente. Nos casos persistentes ou recorrentes, o retinólogo pode indicar terapias específicas, como a terapia fotodinâmica ou o laser em micropulso, de acordo com o padrão e a duração da doença.
“A saúde ocular sente a pressão do cotidiano. Reduzir gatilhos, cuidar do descanso e procurar avaliação ao primeiro sinal de distorção visual fazem diferença”, conclui a Dra. Priscila Heleno.