Empreendedorismo feminino: como as semijoias têm impulsionado renda e independência no Brasil

Revenda de semijoias se consolida como modelo de negócio de baixo investimento e alto retorno, fortalecendo a presença feminina no mercado e movimentando bilhões até 2029
No dia 5 de outubro, data em que se celebra o Dia do Empreendedor, o Brasil também olha para a força das mulheres que, mesmo diante de desafios estruturais, têm transformado sua realidade por meio dos negócios próprios. Em um país onde mais de 9,3 milhões de mulheres empreendem, segundo dados do Sebrae, o segmento de acessórios femininos vem se consolidando não apenas como mercado em expansão, mas como estratégia concreta de geração de renda, autoestima e independência financeira. Ainda de acordo com o Sebrae, 93% das empreendedoras começaram seus negócios por conta própria, e 82% dependem do empreendimento como principal fonte de renda. Dentro desse cenário, a revenda de semijoias ganha protagonismo como um modelo acessível: baixo investimento inicial, retorno rápido e forte presença feminina, com cerca de 60% dos empreendedores do setor sendo mulheres, de acordo com levantamento da ABEDV. O impacto do setor A projeção de crescimento reforça esse movimento: segundo a consultoria Mordor Intelligence, o setor de semijoias deve movimentar US$ 5,34 bilhões até 2029, com crescimento médio de 8,31% ao ano. Mais do que números, essa expansão reflete mudanças profundas nas relações de trabalho, principalmente em regiões onde o emprego formal ainda é restrito. “Quando uma mulher conquista sua renda, ela muda sua vida e a de toda sua família. Muitas estão em áreas onde as oportunidades são limitadas. Por isso, empreender com semijoias é sobre isso também: autoestima, brilho e independência”, afirma Veridiana Quirino, CEO da marca que leva seu nome, fundada em Campinas (SP). De Campinas para todo o Brasil Desde 2007, a Veridiana Quirino Semijoias constrói uma trajetória sólida como referência nacional no setor. Hoje, reúne mais de 3.000 consultoras, 500 franquias home based, fábrica própria em Limeira (SP) com capacidade para 2 milhões de peças por ano e faturamento superior a R$ 50 milhões em 2024. A estrutura combina produção verticalizada, digitalização do processo comercial e uma rede de revendedoras distribuída em todas as regiões do país. O modelo de revenda digital com apoio técnico e logístico tem atraído especialmente mulheres que buscam flexibilidade e autonomia, como mães solo, profissionais em transição de carreira ou que desejam complementar a renda familiar. “É um modelo que valoriza o tempo da mulher, respeita suas escolhas e ainda leva oportunidade para cidades onde o acesso ao mercado de trabalho é mais restrito. É sobre inclusão produtiva com suporte profissional”, explica Veridiana. “VQ em Casa”: microfranquias digitais como porta de entrada O programa “VQ em Casa” é hoje a principal aposta da marca. Ele permite que mulheres empreendam sem loja física, estoque próprio ou alto investimento inicial. Cada consultora recebe um kit com peças selecionadas, embalagens, catálogo, treinamento online e acesso a uma plataforma integrada, que vai da recomendação de looks à finalização de vendas com links rastreáveis. O modelo já reúne 500 microfranquias ativas, com meta de alcançar 700 até o final de 2025. “Nosso showroom é o Brasil inteiro. Queremos criar oportunidades reais de geração de renda e permitir que as mulheres possam empreender de casa com dignidade e estrutura profissional”, reforça a CEO. Uma cadeia que valoriza mulheres em todas as etapas A operação é sustentada por uma cadeia produtiva pensada para ser socialmente justa e economicamente viável. A fábrica própria de 1.000 m² produz atualmente 1 milhão de peças por ano, com capacidade para chegar a 2 milhões. O processo envolve técnicas de alta fusão, banho de ouro 18k e ródio, além da cravação manual de pedras, garantindo durabilidade e qualidade. A estratégia permite que a marca lance até 12 coleções por ano, atendendo aos públicos feminino, masculino, infantil, pet e personalizados. Internamente, a cultura empresarial também reflete o protagonismo feminino: mais de 90% do time é composto por mulheres, e 78% dos cargos de liderança estão sob responsabilidade feminina. “Não se trata apenas de vender semijoias. É uma cadeia pensada para empoderar. Desde quem desenha até quem entrega na casa da cliente, o que nos move é a possibilidade de transformar vidas com o nosso trabalho”, reforça Veridiana. Empreender como resposta às desigualdades Enquanto o desemprego atinge 8,7% das mulheres, contra 5,7% dos homens, segundo o IBGE, iniciativas como essa se mostram um caminho de inclusão produtiva. Para milhares de brasileiras, o brilho das semijoias representa futuro, segurança e transformação social. No Dia do Empreendedor, histórias como a de Veridiana e sua rede de mulheres empreendedoras mostram que empreender vai além de abrir um negócio: é um ato de resistência, autonomia e impacto coletivo.

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